quinta-feira, 24 de julho de 2014

Furacão mostra que o caminho é apostar na base

(Heuler Andrey/Getty Images South America)
Rotina: Douglas Coutinho marca mais um gol pelo CAP 



Os clubes brasileiros mais estruturados investem consideráveis quantias em suas categorias de base, como dita a boa governança do futebol. O grande gargalo, na modesta visão do blogueiro, não estaria na má formação dos atletas e, sim, na transição mal feita, onde queimam-se muitos jogadores talentosos. Os clubes, com alguns dirigentes amadores e técnicos conservadores, preferem dar respostas imediatas à torcida e imprensa local com uma série de contratações de medianos experientes rejeitados pela Europa. 

Evidentemente, há problemas nas categorias de base do Brasil (que vamos debater mais a frente), com jogadores talentosos preteridos e jogadores sem tanto futuro militando por anos nas fileiras dos clubes. Considero, repito, um problema menor. Tanto é menor, que o Atlético/PR (CAP), finalmente, volta a usar sua base com sucesso, algo que era mais comum no início dos anos 2000, na fornada que revelou primeiro Kléberson, depois Jádson, Fernandinho e Dagoberto.

Por mais que o presidente Mario Celso Petraglia seja, digamos, polêmico, a temporada 2014 marca, definitivamente o retorno do CAP a algo que nunca deveria ter abandonado. Faz, até aqui, a melhor campanha do clube na Era dos pontos corridos. Ao liberar Manoel e Paulo Baier e investir na equipe sub-23 para o estadual por dois anos seguidos, apostando em jovens técnicos para esses  garotos em transição, vai colhendo os frutos com o sonho de qualquer agremiação: time jovem, talentoso e barato, que pode trazer retorno técnico e financeiro.

Em 2013, esse time sub-23 revelou Douglas Coutinho, que terminou "on fire" no campeonato estadual, dando trabalho ao Coritiba principal. Pouco utilizado no segundo semestre, começou a ganhar chances com o técnico espanhol Miguel Portugal e a partir da presença interina de Leandro Ávila se tornou titular absoluto. O garoto de 20 anos - idade para o Rio 2016 - é o vice-artilheiro do Brasileirão e tem mostrado muita qualidade, também, nas assistências. Quem aproveitou a oportunidade do sub-23 de 2014 (do técnico Petkovic) foi Marcos Guilherme. Assumiu a camisa 10 e, de tão bom desempenho, continou com ela no Brasileirão.

Deivid, o alagoano Otávio, Leo Pereira, Nathan (precisa renovar contrato logo!) e a estrela Marcelo Cirino se juntam aos citados para formar uma das mais promissoras gerações da base de um clube do futebol brasileiro nos últimos tempos. O CAP prova que não é necessário inchar a folha com jogadores medianos que trazem pouco retorno e tem pouca identificação. A base é o melhor caminho e ela traz, sim, resultados em menos tempo do que imaginam os conservadores. A presença no G4 constrange muitos clubes que pagam salários astronômicos e frequentam a segunda parte da tabela. Desmonta a lorota do "sentir pressão". Quem é bem trabalhado e preparado vai sempre dar conta do recado. Exemplos não faltam.

terça-feira, 22 de julho de 2014

O projeto de Gallo precisa priorizar o talento

Dê um sorriso Gallo: você tem uma boa geração em mãos (Gazeta Press)

Iniciaremos o blog, claro, com meus pitacos sobre o projeto para as seleções de base desenvolvido por Alexandre Gallo. O comandante, com um ano e meio de casa, deu boa entrevista coletiva semana passada, onde demonstrou conhecimento sobre o que se passa no mundo do futebol, falou com desenvoltura sobre as diferentes gerações que tem em mãos e colocou ideias de como trabalhar essas gerações, sobretudo naquilo que ele considerou um gap, com os nascidos em 1993 e 1994, que estão sem pai nem mãe até o Rio 2016. Aliás, Gallo será o técnico para o Rio 2016, numa decisão acertada de "Dr Marco Polo".

Pois bem, hoje Alexandre convocou a seleção sub-20 para um torneio na Espanha, visando o Sulamericano de 2015. Com acertos e erros, foi ainda uma boa convocação, embora abaixo da Panda Cup, onde tivemos atletas mais técnicos e menos parrudos. (e uso parrudo, algo, talvez, pouco "científico" para a linguagem acadêmica da fisiologia e do treinamento desportivo, pois esse blog terá como prioridade a balaca e a irreverência).

Eis os nomes, opiniões e sugestões:

Goleiros
Georgemy (Cruzeiro) - chamaria.
Marcos Felipe (Fluminense) - chamaria e titular do time.

Zagueiros
Igor Rabello (Botafogo) - não chamaria - Leo Pereira (Atlético/PR)
Eduardo (Internacional) - não chamaria - qualquer um
Lucão (São Paulo) - chamaria,  para compor o grupo
Marlon (Fluminense) - titular e referência técnica da zaga
Laterais
Auro (São Paulo) - titular
Lorran (Vasco) - não chamaria - Breno (Grêmio)
Pará (Bahia) - não chamaria - Matheus Müller (Palmeiras)
William (Internacional) - chamaria

Meias
Boschilia (São Paulo) - titular do time
Danilo (Braga-POR) - chamaria, embora muito maturado
João Afonso (Internacional) - não chamaria - Serginho (Santos)
Eduardo Henrique (Atlético-MG) - chamaria, jogador espigado
Matheus Biteco (Grêmio) - chamaria, bom volante
Nathan (Atlético-PR) - um grande talento que precisa renovar com o CAP
Atacantes
Gabriel (Santos) - ele é o Gabigol
Gerson (Fluminense) - marrento, mas chamaria
Kenedy (Fluminense) - não chamaria - Carlos (Atlético/MG)
Mosquito (Atlético-PR) - não chamaria - Bruno Gomes (Inter)
Thalles (Vasco) - chamaria para compor o grupo
Yuri Mamute (Botafogo) - não chamaria - Ewandro (São Paulo)
O talento de jogadores menos desenvolvidos fisicamente precisa ser priorizado. Por outro lado, há testes nesse grupo convocado e só teremos noção melhor do que Gallo pensa na lista final do Sulamericano. Por enquanto, alguns jogadores maturados ainda tomam o lugar de quem tem técnica e, obviamente, muito mais a oferecer ao futuro do futebol brasileiro.